Arquivo de fevereiro de 2013

Corinthians vence tranquilamente em estádio (quase) vazio

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Num silencioso Pacaembu, o Corinthians ganhou com tranquilidade do Millonarios da Colômbia. O placar de 2 a 0 não representa a facilidade com que o Timão ganhou, mesmo jogando em ritmo desacelerado.

O primeiro gol foi marcado por Paolo Guerrero e o segundo por Alexandre Pato. Os dois formaram o ataque titular do Corinthians, já que Jorge Henrique ainda sente dores na coxa e Emerson Sheik vem de más atuações e inúmeros (e já tradicionais) “rolos” fora de campo.

Sheik ainda entrou em campo, mas apenas para apresentar um futebol abaixo do esperado de um jogador do nível dele.

O Pacaembu estava quase vazio.

Quase. Porque quatro idiotas fizeram o uso de uma liminar conseguida na justiça comum brasileira para se enfiarem no estádio. O juiz concedeu a permissão a seis torcedores, mas dois deles foram mais sensatos e educados e atenderam aos pedidos do clube de ficarem em casa.

Os quatro cidadãos que entraram no estádio alegaram que é direito deles enquanto consumidor assistir o jogo, já que compraram os ingressos antes da penalização dada pela Conmebol. Eles apenas estavam fazendo valer seu direito. Que lindo, não?

Mas vamos só lembrar o porquê do estádio estar vazio? Caso os quatro babacas não se recordem, um menino boliviano de 14 anos foi assassinado na quarta-feira passada quando o Timão estreou na competição diante do San José em Oruro, Bolívia. Por isso o clube e a torcida foram punidos a jogar com portões fechados.

“Mas eles não tem nada a ver com essa morte”. Verdade e mentira. Verdade, porque não estavam na Bolívia e nem carregavam o dispositivo que acarretou no crime. Mentira, porque ali no campo eles estavam representando uma torcida e um clube, algo muito maior que seus umbigos (será que esse tipo de cidadão sabe que existe algo maior que seus umbigos?).

Pela lei vigente, eles estão certos. O direito ao consumidor deve ser respeitado (a Justiça não tem nada formalizado sobre “cidadania”, “empatia”, “bom senso”, “luto”, “respeito à memória” ou “direito à vida”). Para isso, precisamos da noção de cada um sobre a sociedade a seu redor. É aí que o bicho pega, pois a Justiça não prevê e nem liga pra isso.

Eles fizeram valer seu direito, portanto. Mas, nas palavras do jornalista Mauro Cezar (ESPN) “fico imaginando se o quarteto que obteve seus 15 minutos de fama é tão aguerrido na luta pelos seus direitos no dia a dia. Ou se eles se preocupam com os direitos do próximo. (…) Sim, pode ser que eu esteja esperando demais de gente que foi incapaz de oferecer algo minimamente nobre, digno, grandioso. Uma pena”.

O estádio deveria estar completamente vazio. E não vamos nos esquecer do motivo.

Ou o Direito do Consumidor é sobreano ao direito do sujeito? Para a justiça comum, é. Mas, e para nós?

Com empecilho pra todo lado, Corinthians enfrenta hoje Millonarios no Pacaembu vazio

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Quando o ano de 2012 chegou ao fim, ninguém poderia imaginar que o Corinthians teria um começo de temporada tão conturbado. Na verdade, há 15 dias, quando o time empatou o clássico contra o Palmeiras, ninguém imaginaria o quanto de coisas movimentaria o Timão nas próximas semanas.

Primeiro foi o mais grave: o caso da morte do jovem boliviano de 14 anos na estreia da Libertadores diante do San José. Como punição, o Corinthians faz seu primeiro jogo em casa de portões fechados. A torcida, que esperava reencontrar o time na Libertadores depois da maiúscula conquista do ano passado, não poderá participar do jogo.

Depois foi a série sem vencer do time. São seis jogos sem vitória, uma sequência muito ruim, considerando que o time é tecnicamente superior aos adversários que enfrentou até agora. Tite tem o jogo de hoje contra o Millonarios da Colômbia para espantar essa desconfiança. Curiosidade: o treinador do Millonarios é Hernan Torres, o mesmo que era do Tolima naquele histórico revés que deu início à espetacular ascensão do clube.

Outro impasse está no time titular. Os reforços Renato Augusto e Alexandre Pato serão titulares hoje à noite. O primeiro vem para o lugar de Jorge Henrique, ainda sentido incômodo na coxa. O segundo para o lugar de Emerson Sheik, herói de 2012, mas apresentando más atuações em 2013.

Mas o grande impasse de Sheik é extra campo. Além de se atrasar para os treinos de domingo e segunda e ser multado pelo clube, ele recebeu a notícia que o Ministério Público pediu sua condenação por contrabando de um carro importado, caso que já deu problemas ano passado e se arrasta há meses.

O grande desafio do Timão hoje é deixar todos esses problemas fora da partida e tentar manter o foco total no adversário. Não é um trabalho fácil, mas acreditamos na competência do elenco e do treinador.

O Corinthians vai a campo com Cássio, Alessandro, Gil, Paulo André e Fábio Santos, Ralf, Paulinho, Renato Augusto e Danilo; Alexandre Pato e Paolo Guerrero.

Dia de torcer muito. Mas de dentro de casa.

Conmebol não aceita recurso e Corinthians jogará de portões fechados na quarta-feira

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

O Corinthians entrara com recurso para suspender a pena preventiva que obrigava o time a jogar com portões fechados até que a pena definitiva fosse dada. Na manhã de hoje (dia 26) a Conmebol recusou o pedido e o Timão jogará mesmo sem a presença de sua torcida amanhã, no Pacaembu.

Houve movimentações em redes sociais, convocando os torcedores a irem para os arredores do estádio na hora do jogo, mas a diretoria pediu para não fazer isso, sob o risco de prejudicarem mais o time. Também prometeram que os torcedores que já adquiriam os ingressos serão ressarcidos.

A questão, porém, tem que ser vista de forma mais delicada.

Além do(s) culpado(s) pelo crime em si, o Corinthians deve ser punido (e a torcida principalmente até porque se o menor realmente for o autor do disparo, os responsáveis por trazê-lo de volta ao Brasil são cúmplices – já que menor de idade não pode entrar ou sair do país sem alguém responsabilizado), mas apenas o Corinthians?

Quem organiza a Libertadores?

A resposta é: ninguém, pois o torneio está completamente desorganizado. Ontem já citei aqui sobre a omissão histórica da Conmebol diante dos problemas (não novos) na Libertadores.

Ao punir apenas o Corinthians e ignorar os próprios problemas, a Conmebol estará passando atestado de incompetência e ignorância, carimbado e assinado. “Mas na Bolívia pode entrar com sinalizador de navios” (não sei se isso é verdade, mas já se houve esse argumento). Acontece que o torneio está sob tutela da Conmebol e ela tem o poder de proibir e o dever de fiscalizar.

O jornalista Paulo Vinícius Coelho (ESPN) foi enfático ao dizer que há dez anos, no mínimo, a Libertadores é uma várzea. “A Copa Kaiser disputada em São Paulo é mais organizada”. E ele está coberto de razão.

A punição exclusiva ao clube (pensando no caso do futebol, o julgamento do atirador não depende apenas do esporte, é crime de homicídio, seja num estádio, num prédio, numa praça) é uma medida imediatista que não visa solucionar o problema, a bagunça e o silêncio da demagoga Conmebol.

Assim como já afirmei que a pena deve ser cautelosa e consciente, a punição do Corinthians é justa, mas deve ser acompanha pela punição de outras instituições. Apenas fechar os portões e deixar pra lá fará com que casos semelhantes (já ocorridos antes) se repitam futuramente (e em breve).

O desenrolar enrolado

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

O assunto ainda é o mesmo: a tragédia na Bolívia. O Corinthians entrou com recurso junto à Conmebol, que ainda não se pronunciou sobre voltar a trás ou manter a pena do time em jogar com portões fechados na primeira fase da Libertadores. Até segunda ordem, a pena continua e o Corinthians já se prepara para jogar no Pacaembu silencioso nesta quarta-feira.

No entanto, o grande impacto acorreu quando um adolescente de 17 anos, filiado à uma torcida uniformizada, apareceu no Fantástico (Rede Globo) assumindo a culpa pelo crime. Obviamente que este jovem não pode ser considerado culpado ainda, apenas passou a ser suspeito (não houve julgamento).

De uma forma muito “estranha”, o advogado do jovem vai tentar provar que ele é culpado (normalmente o advogado participa da defesa e não da acusação). Segundo o advogado, ele tem provas que o sinalizador foi disparado pelo adolescente e que todos os sinalizadores pertenciam ao menor (que comprou cerca de 10 para uso pessoal).

Como ingressos para jogos são vendidos na sede das torcidas uniformizadas (com permissão dos clubes, da Federação Paulista e do Ministério Público), é simples arrumar dinheiro para comprar sinalizadores de navio. Já que supostamente o menor “trabalha” em uma torcida, ele tinha dinheiro pra isso.

Caso isso seja provado e esse menino seja realmente o culpado, ele não pode ser extraditado por ser menor de 18 anos. Ficaria retido na Fundação CASA para receber medidas socioeducativas. Alguns acham que ele é o “laranja” da história e sua confissão foi orquestrada.

De qualquer forma, achando-se o culpado, o que muda?

Já comentei sobre as organizadas no primeiro post a respeito desse caso. São torcedores que se consideram melhores ou “mais torcedores” que os “comuns”. Prender um, dois ou doze sujeitos e permitir o financiamento dessas facções é brincar de resolver o problema. É tampar o sol com a peneira.

A pena ao clube provavelmente será mantida. Com riscos de ser aumentada. Se isto é justo, forte ou brando, é assunto pra outro post (até porque, não caberia mais aqui). Mas é de se considerar também a omissão (de longa data) da Conmebol, presidida desde 1986 pelo mesmo cidadão: Nicolás Leoz (será que ainda não teve tempo de pensar sobre a violência nos estádios sul-americanos?).

Ah! Teve jogo no fim de semana também. O time empatou com o Bragantino por 2 a 2 com destaque para atuação de Alexandre Pato (melhor em campo). Mas o empate é o quinto consecutivo do time e gera desconforto ao elenco e à torcida. Se bem que, com todo esse desenrolar mais enrolado da história, entendo que fica difícil manter o foco.

O Timão volta a campo quarta-feira, quando enfrenta o Milionarios, no Pacaembu, em jogo válido pela fase de grupos da Libertadores da América.

Depois da queda, o coice

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

O assunto no mundo do futebol brasileiro é a fatalidade no jogo do Corinthians de quarta-feira, quando um adolescente boliviano foi atingido por um sinalizador atirado do meio da torcida corintiana. Os suspeitos estão detidos na Bolívia e, ao que tudo indica, serão condenados.

A grande questão agora é a punição ao Corinthians. A Conmebol decidiu que o Timão disputará os jogos da primeira fase com portões fechados e não ter direito a nenhum ingresso em jogos fora de casa, podendo estender a pena para todos os jogos da Libertadores.

Como todo imbróglio legal, a medida provisória é válida até que a morte do jovem seja esclarecida. A Conmebol deu um prazo de três dias para o clube apresentar sua defesa. O Corinthians enviou a defesa hoje mesmo.

A defesa, inteligentemente, apoia-se na irreversibilidade da decisão. Como é de caráter preventivo, caso o clube seja absolvido posteriormente, os advogados do Timão defendem que não será possível ser ressarcido esportiva e financeiramente. Por isso ainda não houve manifestação oficial do time em relação aos ingressos do jogo de quarta-feira.

“O Corinthians discorda da punição principalmente por ser de caráter preventivo. Não existem elementos jurídicos para fundamentar uma pena preventiva”, afirmou o advogado do Corinthians, Luiz Felipe Santoro. Juridicamente, ele tem razão. A decisão preventiva penalizante foi tomada às pressas.

Como já apresentado no texto de ontem, impunidade é a última coisa que pretendo ver. Mas, no mesmo texto, defendo que a pena deve ser consciente e cautelosa.

Nas redes sociais continuam pipocando momentos imbecis de constrangimento e vergonha alheia por parte de torcedores que insistem num discurso clubista raso, preconceituoso e oportunista. Infelizmente, vi isso também na mídia, por parte de alguns comentaristas de qualidade extremamente duvidosa (tanto para defender o Corinthians quanto para condená-lo).

“Pseudoclube com uma pseudotorcida. Time de bandidos, raça ruim, tem os piores torcedores do Brasil” comenta um “gênio” preconceituoso (já com minhas correções ortográficas para tornar o texto compreensível) em alguma página esportiva. “Mas quem garante que eram torcedores do Corinthians”, responde um comentarista desinformado. E poucos estão preocupados com a cobertura do caso ou com as questões legais envolvidas.

É, bem que Hanna Arendt dizia: “um ser racional não necessariamente é um ser pensante”.

Crime não é acidente: é preciso punir, mas com consciência e cautela

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

A estreia do Corinthians na Libertadores gerou um fato terrível. O jogo foi o de menos: empate de 1 a 1 com clara superioridade técnica do Timão, somado às falhas incríveis de Emerson e cansaço acima do normal dos atletas (uma das consequências da altitude de Oruro).

Acontece que no intervalo um jovem boliviano de 14 anos foi atingido por um sinalizador arremessado da torcida corintiana e faleceu. O pior é que esse caso não é uma novidade (arremessar sinalizadores, rojões e bombas na torcida adversária é uma pratica deprimentemente comum nos estádios brasileiros).

A Conmebol está cautelosa sobre qualquer julgamento precipitado. Aguarda informações mais profundas da Polícia Boliviana. Mas já disse que, dependendo do julgamento, o Corinthians poderia até ser excluído da competição.

Quase impossível de isso acontecer. No máximo, algum tipo de multa, perda de mando de campo ou qualquer coisa assim.

Opiniões e comentários surgem por todas as partes. Na internet, o pior e mais babaca tipo de torcedor comenta o ocorrido através de um viés clubista, expondo toda imbecilidade de sua pobre cabecinha. Outros, mais sensatos, se indignam com o fato, independentemente de qual torcida o tenha causado.

Cogitou-se também que o Corinthians poderia fazer história ao abandonar a competição após o jogo de ontem e mostrar que o time tem uma torcida, nunca o contrário. Seria como assumir uma postura de que, com a moral adquirida de atual campeão, exige um comportamento mais civilizado. Surtiria algum efeito? Dificilmente.

Mas de todos os comentários, o mais infeliz e idiota foi do diretor adjunto de futebol do Timão, o Sr. Duílio Monteiro Alves. “Não tememos punição da Conmebol porque temos convicção de que foi um acidente”. Acidente? Senhor diretor, isso foi um crime, não um “acidente” ou uma “fatalidade”. Homicídio é crime.

Ao arremessar um sinalizador em direção de outra pessoa, mesmo sem a intenção de matar, você está assumindo o risco de matá-la. É exatamente igual dirigir um carro embriagado, atropelar e matar alguém e depois dizer que foi um acidente. Não, foi um assassinato. Portanto, homicídio doloso (com intenção, sim senhor, a partir do momento que se conhece os riscos).

O diretor ainda complementou: “Ainda está tudo muito fresco na memória, mas esperamos ajudar a família de alguma forma”. Ajudar a família é o mínimo.

Qualquer punição dada (perder mando de campo, jogar com portões fechado, ser excluído do torneio) não é tão radical como ir a um estádio de futebol e não voltar. “Ah, mas vai prejudicar os milhares de torcedores inocentes por causa de meia dúzia de criminosos?”, indagam. Esse é o preço por viver em sociedade, as ações de um indivíduo num espaço público ecoam e trazem consequências a todos nesse espaço, sinto muito quem não está pronto para isso. E qual solução melhor? Deixar impune?

Porém é preciso ter cuidados para que isso não vire uma (mais) imbecil e desnecessária guerra clubista e alimente (mais) preconceitos, tão imbecis e desnecessários quanto. Desnecessário também é lembrar que estúpidos estão em todos os lugares e torcidas.

Também é importante deixar claro que a culpa é exclusivamente dos detidos (se assim for provado). Mas sabe o que ajudaria muito? Parar de bancar torcida organizada.

Por que os times ainda dão ingressos para jogos nacionais ou internacionais para torcedores que se consideram superiores ou “mais torcedores” que os “comuns”? Praticamente todos os crimes ocorridos nos estádios partem dessas organizações.

Será que o senhor diretor Duílio Monteiro Alves tem peito pra por isso em pauta? Ou, já que foi um “acidente”, nem há muito com o que se preocupar?

Começa hoje a busca pelo bi da América

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

É hoje. No maior momento de sua história, vindo de um dos anos mais emblemáticos de seu futebol, hoje o Corinthians busca aquilo que muitos julgavam inimaginável: o bicampeonato da Libertadores da América.

E o time vem como um dos favoritos ao título. Manteve quase todo o elenco campeão e reforçou-se com nomes de calibre como Renato Augusto e Alexandre Pato. Mas não tem nada ganho.

O volante Ralf já assumiu que mesmo que não exista mais a pressão de ser um título inédito, o Timão é o time a ser batido por ser o atual campeão. Todos vão querer mostrar serviço diante do Todo-Poderoso.

A estreia é em condições desfavoráveis. Bolívia. Altitude sempre põe medo e desconforto e o histórico do Timão nessa situação não ajuda. Mas o San José é um time mais fraco, inegavelmente, e temos um banco forte para fazer substituições necessárias e não desgastar tanto os atletas.

Então, já sabe, hoje às 22h (horário de Brasília) começa a jornada em busca do título (não mais inédito). E o que vai ter de anti vendo o jogo…

Vai, Corinthians!

Fora da Libertadores, futuro de Zizao é incerto no Timão

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

O empresário diz que o atacante chinês pode sair em breve. A diretoria assegura sequência e permanência até fim do contrato (que acaba em dezembro de 2013). O debate não é sobre a utilização de Zizao, mas sim sobre o quão certo deu essa manobra do marketing.

Segundo Edu Gaspar, a opção de não inscrever Zizao na Libertadores (como no ano passado) foi exclusivamente de Tite. Mesmo a Commebol permitindo inscrever 30 ao invés de 25 jogadores por time, a concorrência é alta no setor: Paolo Guerrero, Emerson Sheik, Jorge Henrique, Alexandre Pato e Romarinho, além de garotos da base, Léo e Paulo Vitor.

A questão é que, mesmo com muita dificuldade em assumir, a manobra pretendida por Rosenberg furou: o Corinthians não fez um público considerável no Oriente. O motivo, já discutido algumas vezes aqui, é simples: mesmo com seu enorme carisma, o atacante nunca representou uma real opção para Tite.

A razão é do treinador. Apesar de cair nas graças da torcida (com um trabalho de marketing muito bem feito), o time construiu um elenco cada vez mais competitivo e sólido, e o espaço do chinês, que já era minúsculo, diminuiu ainda mais.

Edu Gaspar, no entanto, garante que ele terá sequência de jogos e será utilizado por Tite. O dirigente argumenta que o Corinthians tem muitos jogos ao longo do ano e ficar fora da competição americana não significa ficar fora dos planos de Tite.

Não sei, não…

Corinthians empata com Palmeiras em clássico bem disputado

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Antes de tudo: os caras do time de verde até merecem um parabéns. De um lado tínhamos o Palmeiras, recém-rebaixado para a série B do Brasileirão, sem seus dois principais jogadores, já negociados, Marcos Assunção e Barcos, elenco em construção e dois mil torcedores no estádio.

Do outro lado, o Corinthians, atual campeão do mundo e da América. Elenco forte e milionário, time azeitado, com banco de luxo, contando com Alexandre Pato, Renato Augusto e Romarinho e 35 mil torcedores no Pacaembu.

Tudo favorável a nosso Timão. Mas existe uma máxima desse clássico: “quem está no pior momento, vence”. Não foi o que aconteceu, mas os palmeirenses podem comemorar o empate como uma vitória, por toda situação.

O Corinthians, como de se esperar, começou melhor. Jorge Henrique carimbou o travessão de Prass quando o jogo ainda estava 0 a 0. Depois foi a vez de Guerrero acertar a trave, até que, finalmente, Emerson Sheik abre o placar.

Mas numa falha da zaga e de Cássio (retornando de contusão), o Palmeiras empatou o jogo com Vilson. No segundo tempo, o rival virou. E jogou melhor até Tite fazer algumas mudanças.

Foi a campo o banco poderoso do Timão. Renato Augusto, Pato e Romarinho deram mais vontade pro Corinthians que estava apático na partida. Foi justamente depois de uma jogada de Pato que o carrasco Romarinho igualou o placar.

O Timão ainda pressionou, mas o Palmeiras conseguiu segurar o empate. O resultado não muda nada para o Corinthians, porém pode ser comemorado pelo alviverde da capital pela adversidade da situação e pela nítida superioridade da equipe corintiana.

Alguns traços podem ser destacados no jogo. Paulinho, o melhor jogador no Brasil depois de Neymar, e Cássio estavam irreconhecíveis na partida, mas isso são casos isolados. Já a defesa do Timão, quase intransponível em 2012, não apresenta a mesma eficiência com Gil e Paulo André. Se a ausência de Castán já fora muito sentido ano passado, a falta que faz Chicão é grande em 2013.

Agora a concentração é total para o jogo mais importante de 2013 até agora: a estreia na Libertadores da América diante do San José, na Bolívia, na próxima quarta-feira.

Para recordar: os primeiros anos do Timão no Paulistão

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

Como um verdadeiro time do povo, o Corinthians nasceu na várzea. Antes das piadinhas, vale ressaltar que o futebol no Brasil em 1910 era semiprofissional (em alguns aspectos, ainda é).

A estreia do Timão em campo foi contra um respeitado time da várzea paulista da época: o União da Lapa. Apenas dez dias após sua fundação, o jogo ocorreu 10 de setembro de 1910. Mesmo derrotado, o Corinthians mostrou aquilo que seria a tônica do time nesses mais de 100 anos de existência: muita raça.

Mesmo com uma equipe reconhecidamente inferior, o Corinthians deu trabalho para o forte União da Lapa que saiu vitorioso pelo magro placar de 1 a 0. A primeira escalação do time foi Valente, Perrone e Atílio; Lepre, Alfredo e Police; João da Silva, Jorge Campbell, Luiz Fabi, César Nunes e Joaquim Ambrósio.

Quatro dias depois, o Corinthians teve sua primeira vitória. No Campo da Rua Imigrantes, o Corinthians bateu o Estrela Polar pelo placar de 2 a 0. O Timão repetiu a escalação do jogo anterior e Luiz Fabi marcou o primeiro gol da história do clube. Depois desse jogo, foram dois anos de invencibilidade.

O time começou a ganhar outra característica existente até hoje: fiéis seguidores pela várzea paulistana.

Com bons resultados, era hora de tentar uma vaga no Campeonato Paulista, o primeiro torneio de caráter oficial e profissional. A chance veio em 1913, mas a Liga Paulista (não existia a Federação Paulista de Futebol) só daria a vaga ao Timão se passasse por uma eliminatória antes.

Resultado? Dois jogos e duas vitórias. Primeiro uma vitória por 1 a 0 sobre o Minas Gerais (isso mesmo, para o Campeonato Paulista) e depois uma vitória de 4 a 0 sobre o São Paulo do Bexiga e participação garantida no Campeonato Paulista.

Na estreia profissional, o fim da invencibilidade: revés de 3 a 1 diante do Germânia. Mas o atacante Joaquim Rodrigues escreveu seu nome na história do clube fazendo o primeiro gol profissional do Timão.

O Corinthians terminou seu primeiro Paulistão em quarto lugar.

Mas em 1914 começou a força do maior vencedor do Campeonato Paulista. Uma campanha arrasadora, com dez vitórias em dez jogos, 39 gols marcados e goleadas para todos os lados, o Corinthians venceu seu primeiro título da história. Neco ainda se sagrou o artilheiro da competição, com 12 gols marcados (em 10 jogos) e o primeiro ídolo da crescente torcida.

Começava assim a história do Sport Club Corinthians Paulista, um clube que ao longo dos seus mais de cem anos passou pela várzea, lutou pelo profissionalismo, enfrentou um jejum de 23 anos sem um título de expressão (apesar de ser considerado um período sem nenhum título, o Corinthians conquistou 15 títulos de pouca expressão entre 1955 e 1977, mas isso é assunto para outro post) e foi rebaixado a série B do Brasileirão. Mas também invadiu o Maracanã, realizou o maior movimento esportivo-social do país com a Democracia Corintiana, conquistou o Brasil, a América e dominou o mundo. E hoje é o clube mais profissional do Brasil.

Por essas e outras, temos orgulho de falar: aqui é Corinthians.